quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A vivência entre as Cantadeiras do Souza e Déa Trancoso

Foto: Leonil Junior
Por Ana Ferrareze

Raimunda nunca desafina. Ela faz a terceira voz das Cantadeiras do Souza, grupo também formado por suas irmãs Marly, Marlene e Djanira, sua filha Elisabeth e a cunhada, Ercy, em Souza, distrito de Jequitibá. Com 83 anos, diz que a memória anda falhando, mas prova o contrário todo tempo. São muitas ladainhas, cantigas de roda, novenas, pastoris e outros gêneros entoados pelas seis mulheres, que desde crianças já acompanhavam o pai, o falecido mestre Seu Juvercino Gonçalves dos Santos, nas procissões e em outras tradições do catolicismo popular. “Antigamente, toda festa tinha roda, cantoria. Era a oportunidade de cantar, dançar e segurar na mão dos rapazes”, relembra Dona Raimunda. “É, menina, antes não podia namorar que nem hoje, não”. Ela mesma só foi pegar na mão de seu grande amor, Jaime Souza Carvalho, pouco antes do casamento. Lembra dele com saudade. “Era homem trabalhador, honesto, marido bom demais. Mas Deus levou faz treze anos, fazer o quê, né? Todo mundo fala pra eu arrumar um namorado, mas só se for igual a ele. Não vou achar, não".

As seis cantadeiras nunca fizeram aula de canto. Apresentam timbres e afinações sofisticados, uma impressionante harmonização de vozes. No Folclorata, quem teve a honra de realizar a vivência com elas foi a cantora mineira Déa Trancoso. “As vozes são tão orgânicas que parece que elas frequentam a escola de canto há 200 anos”, se impressiona Déa. “A Raimunda tem uma voz raríssima, é a mais sofisticada das seis”. A cantora conta um episódio que presenciou e a marcou durante a experiência. Em uma entrevista para a televisão, Dona Raimunda foi cantar e colocou a mão no diafragma. “Ela fez isso para não desafinar, para buscar o agudo da voz e segurar a nota”, diz. “Elas não dão nome às técnicas, mas sabem. O ofício de cantar é uma sapiência delas. Têm consciência de coisas que levei anos para assimilar”.

As Cantadeiras do Souza oficializaram o grupo em 1992, quando conheceram o cantador-pesquisador da cultura popular brasileira, Eliezer Teixeira. Seu Juvercino acompanhou as seis até o fim da vida. Aos 97 anos, viajou a São Paulo para se apresentar com elas em um show, junto com o grupo A Barca, outro grande parceiro. “Meu pai cantou na Folia até no mês em que morreu, aos 99 anos”, conta Dona Raimunda. “Então a senhora tem muitos anos de cantoria pela frente, hein?”, constato. “De dançar e de ir em festa eu não canso. E não gosto de ficar parada: bordo, faço tricô, crochê, doce de leite. Racho lenha, faço palheiro, lavo roupa”, ouço como resposta. Com um abraço, eu e Dona Raimunda encerramos a prosa e ela me garante: vai chegar aos 120 anos cantando. Sem desafinar.

As trocas no Folclorata

Foto: Leonil Junior
Foto: Leonil Junior
Sobre a experiência da vivência com as Cantadeiras do Souza, Déa Trancoso tem muito a dizer. Mas principalmente a sentir. Cantora e compositora, mostra influências muito fortes de violeiros, foliões e congadeiros do Vale do Jequitinhonha, onde nasceu e cresceu, filha de seresteiros. Sua voz transporta qualquer um ao sertão, faz conhecer a cultura popular brasileira por meio de ritmos como samba de caboclo e de roda, maracatu, congo dobrado, coco e catimbó. A rotina com a família de Souza a trouxe de volta a esse sertão, à simplicidade do dia a dia, às noites de cantoria. Impressionou-se com Jequitibá, tão perto de Belo Horizonte, mas tão distinta da capital. “Aqui o povo é plantado na terra. Tentei trazer a elas um pouco de metafísica, com exercícios que as fizeram imaginar a Terra como um ioiô, lembrar que estamos suspensos no ar”, conta Déa. “E também quis mostrar como o abraço, o afeto, que é tão cotidiano para elas, é cura, tem poder. Elas podem se valer muito disso”.

Na apresentação que fizeram juntas no sábado, 12 de setembro, Déa propôs dispensarem os microfones e o palco, mesmo com o barulho do público. Cantaram unidas, com palmas, expressão corporal e usando a potência das vozes em coro. “Com essa vivência do Folclorata aprendi a usar vozes às quais não costumo recorrer. Que não são nada fáceis. Meu ouvido ficou pegado por essa riqueza que as cantadeiras apresentam”.

O encerramento ficou por conta de Marly, que fez questão de apresentar As Pastorinhas no palco para fechar o show. “Por isso o Vozes de Mestres é raro”, declara Déa. “Ele cria plataformas para que tudo aconteça com mais profundidade, permite que os mestres se mostrem mais. Porque tem muita coisa acontecendo no espaço interno, que muitos projetos parecidos não conseguem alcançar. Escolhendo o desfecho, Marly revisitou seus desejos, deu espaço a eles”.

domingo, 13 de setembro de 2015

As flores de Iraci

Foto: Magali Colonetti
Por Ana Ferrareze

Iraci Leal Pereira de Oliveira faz muitas coisas nesta vida, mas sua grande paixão é ser Pastorinha. Filha de Mestre Zé Limão, é a floreira da apresentação. Não podia ser diferente. Iraci demonstra tanta paz de espírito que parece estar o tempo inteiro espalhando flores por aí. “Tá no sangue, né? Nasci e cresci vendo meu pai cantar e tocar. Minha mãe também canta. É de berço”, diz. Entre uma prosa e outra, pede para nos contar sobre as Pastorinhas. Fala sobre a estrela, os três pastores, a contra-mestra, a jardineira, a rica-floreira, a libertina, a borboleta e as duas ciganas, cantando um pouco dos versos que cada uma entoa durante as apresentações. O sorriso fica ainda maior quando chega em sua parte. A voz fica mais forte e parece que é Natal. Que estamos em frente a uma casa no distrito de Lagoa Trindade, junto ao presépio, renovando as esperanças para o ano que logo se anuncia.

As Pastorinhas começam a se apresentar na noite de 24 para 25 de dezembro e vão até o dia 6 de janeiro. Passam pelas casas da comunidade encenando o nascimento do menino Jesus com coral afinado e tocadores de tambor, pandeiro, cavaquinho, viola. Mesmo com tanta magia, a tradição fica alguns anos sem sair por falta de coro. “Quando a gente ama, tem paixão, permanece. Mas não é todo mundo que sente isso”, diz Iraci. “Mesmo assim, não importa se deixamos passar algum ano, a gente volta sempre”. Vida longa às Pastorinhas!


sábado, 12 de setembro de 2015

Quando o povo se une as coisas dão certo



Foto: Leonil Junior

Por Ana Ferrareze

“Quando o povo se une as coisas dão certo”. Este é o lema do Meninas de Sinhá, que se apresentou na noite de sexta-feira, 11 de setembro, no Folclorata 2015. Abraçadas, as 16 integrantes que vieram a Jequitibá bradam a frase três vezes, com força, mostrando sua união antes de subir ao palco. Quem a disse primeiro foi Dona Valdete Cordeiro, líder que fundou o grupo em 1989 e desde então mudou radicalmente a vida de dezenas de mulheres. Ela morreu no ano passado, deixando, além de muita saudade, inspiração para suas meninas e todas as outras que vivem neste Brasil patriarcal. 
 
As mulheres do grupo têm entre 54 e 95 anos. Todas as 23 moram no bairro Alto Vera Cruz, periferia de Belo Horizonte. Foi lá mesmo que tudo começou. Dona Valdete passava todos os dias em frente ao posto de saúde e se assombrava com a quantidade de remédios que as senhoras levavam na sacola para tomar. Teve a certeza de que aquilo não era certo: era coisa de cabeça, não necessidade. Juntou algumas delas para um bate-papo e fundou o, na época, Lar Feliz. “Logo mudamos o nome, já que este não tinha mais nada a ver com as mulheres que nos tornamos. Estávamos cansadas de trabalhar em casa, de ficar sem tempo para nos arrumar, nos divertir”, relembra Ephigênia Lopes, de 75 anos, a compositora do grupo. O Meninas de Sinhá tirou a maioria de suas integrantes do, como elas mesmas dizem, fundo do poço. “Sabe, eu não vivia, eu vegetava”, conta Maria Geraldina di Paula, de 76 anos. “Não gostava de sair de casa, de conversar com as pessoas. Mudei da água para o vinho”.

O grande objetivo do grupo é trabalhar a autoestima das mulheres, mostrando a elas e ao mundo seu enorme potencial, força e beleza. Desde o ano passado, mais um foi levado ao topo: não deixar o sonho de Dona Valdete morrer. Quando falam da líder, os olhos brilham. Ephigênia foi sua amiga de infância e acompanhou toda sua trajetória em prol da comunidade. Era ela quem ia atrás de políticos para resolver os problemas da região. No início, contratou professores para ensinar as Meninas a tocar os instrumentos. Algumas já sabiam e só aprimoraram a arte. Outras se descobriram na música.

Ephigênia Lopes (Foto: Leonil Junior)

Dorvalina Maria de Oliveira (Foto: Leonil Junior)
No show, elas sobem ao palco irradiando charme, com longas saias floridas, flor no cabelo e batom nos lábios. Com viola, pandeiro, zabumba, xequerê e sanfona, cantam e dançam antigas cantigas de roda e cirandas, releituras populares e letras de autoria de Ephigênia. Ela, inclusive, acabou de gravar seu primeiro CD, Viola Antiga, com samba, bolero, gafieira. “Desde que fundamos o grupo tenho inspiração demais pra escrever”, conta. “E abordo temas que envolvem a história do Brasil, o negro, a alegria de viver”. 

No meio do show de sexta-feira, Dorvalina Maria de Oliveira não se aguenta, pega o microfone e desabafa: “Antes eu tomava medicamento para dormir, para tudo. Em seis meses no grupo, ganhei alta do psicólogo. Andava despenteada, mas olha agora. Tô tão bonita, né, gente?”. E avisa: quem tem mãe mais “madurinha”, como elas, leve para cantar e dançar. “Vale mais que remédio”.


Priscila Magella canta o Velho Chico

Foto: Leonil Junior
Por Ana Ferrareze 

Chora meu rio, chora. Chora minha alma, chora. Chora que eu já vou embora. Só vim aqui me despedir de mim. Canoeiro foi embora, vaporzeiro aposentou. Nestas lindas águas finas, o que resta é meu amor. Quem dera se todo mundo chorasse na beira d’água pra render mais um cadinho. E Oxum lá se banhasse e adocicasse cada lágrima pra caboclo banhar.

Priscila Magella tem uma relação de alma com o rio São Francisco. Nascida em Pirapora, ao norte de Minas Gerais, passou a maior parte da vida na companhia das águas que nascem na Serra da Canastra e passam por cinco estados brasileiros, desaguando no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Na música Lamento ao Velho Chico, ela escracha um sentimento que inunda o coração. “Eu me sinto a voz do rio, sua representante”, diz. A cantora e compositora participou ativamente da luta contra a transposição do rio, em 2008, em Cabrobó, Pernambuco. E sente doído o Velho Chico indo embora aos poucos, por conta dos problemas ambientais que sofre, como desmatamento e poluição. “Vemos o mar invadindo o Chico, mas não há dor, ele quer ir embora. A gente comia, bebia, vivia nosso amor com o rio e para ele, conversávamos. É preciso entender esse sentimento, saber que antes era isso. Não queria que ele morresse jamais”, desabafa Priscila.

Foi mesmo o rio que ajudou Priscila a começar a cantar. Sem dinheiro para pagar aulas de canto, usava suas águas para afinar as cordas vocais, mexendo as mãos, percebendo seu barulho. A inspiração também veio de sua mãe, que sempre cantou muito em casa, e de seu tio Magela, o grande ídolo. Ele foi um dos maiores representantes da música barranqueira, que canta o cotidiano e sutilezas das comunidades ribeirinhas, estilo que Priscila também adotou, já que é “tudo o que sei, o que aprendi desde o começo”. O tio morreu quando ela tinha apenas seis anos, mas a conexão entre os dois permaneceu. Ele está vivo nas canções da mineira e em suas histórias, que sempre o citam. E também na luta pela música barranqueira, que resiste forte para continuar ecoando.

As composições e a voz de Priscila podem ser ouvidas no CD A Barranqueira, lançado em 2012, com 13 músicas de autoria própria, de Magela e de compositores como Pepeh Paraguassu e Paulo Vieira.

Priscila Magella e Mestre Zé Limão (Foto: Leonil Junior)
No Folclorata, ela faz a vivência com o Mestre Zé Limão, da Folia de Santos Reis de Doutor Campolina, do povoado Lagoa Trindade. “Minha infância foi na terra vermelha, como aqui. Vir aqui e conhecer a família de Seu Zé abriu um leque muito grande sobre cultura popular. Sem dúvidas, é uma das maiores experiências da minha vida. Estamos trocando, vivendo e convivendo”, declara. Sem dúvida ouviremos falar muito de Priscila Magella e de sua música barranqueira cantando o Velho Chico.

Ouça a música Lamento ao Velho Chico aqui.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A Folia de Zé Limão

Foto: Leonil Junior
A grande riqueza da 1ª Folclorata, que acontece paralelamente à 27ª edição do Festival de Folclore de Jequitibá, é o raro intercâmbio que realiza entre artistas que lutam para manter a cultura tradicional brasileira viva. A vivência já está acontecendo com cinco grupos, que começaram a se encontrar nesta quarta-feira, 9 de setembro, em Jequitibá, Minas Gerais. Um deles é entre o Mestre Zé Limão, da Folia de Santos Reis de Doutor Campolina, do povoado Lagoa Trindade, e a cantora mineira Priscila Magela, de Pirapora. No primeiro dia, Priscila já avisou: “Se prepare, Seu Zé, que vou seguir o senhor. Vou contar até quanto tempo fica no banheiro, pra logo voltarmos a ensaiar e não perdermos um segundo”.

Zé Limão é uma grande personalidade da Folia. Aos 81 anos, desde criança leva jeito pra coisa. Homem de prosa fácil e pulso firme, nasceu José Leal Pereira em 27 de setembro de 1934. O Limão ganhou depois, de seu pai, o grande João Limão, que já o carregava e de quem seguiu os passos na tradição. Foi ele quem fundou a Folia de Reis em Lagoa Trindade, em 1949, mas a herança vem de muitas gerações anteriores.

Antes de conhecer Seu Zé, Priscila estava receosa. “Diziam que o Limão era porque ele era bravo, difícil. Vim preparada. Mas encontrei uma pessoa tão doce, de azedo não tem nada, não”, conta. “Já tenho um neto limãozinho”, diz Seu Zé. “O negócio agora é ver se ele leva jeito pra folia. Tô vendo se animo algum deles pra ficar no meu lugar, a ter coragem pra liderar”. Enquanto não enxerga o futuro Mestre Limão, escreve em dois cadernos sua história e os segredos da Folia de Reis e do Congo, do qual foi capitão até dois anos atrás. “De meus 11 filhos, que agora são 10, tive quatro homens. Nenhum seguiu. A esperança são os netos se interessarem. Tô cismado de não ficar nenhum. Por isso comecei a escrever”. Caso algum neto um dia pegue gosto pelas tradições e Seu Zé já tiver partido desta vida, terá as orientações anotadas pelo avô para guiá-lo.

A Folia de Santos Reis de Doutor Campolina apresenta suas toadas todo fim e começo de ano, de 25 de dezembro a 6 de janeiro, na época de Natal. As casas do povoado montam presépios e recebem a visita da folia, que enche os lares com seu ritmo e batida cadenciados, em uma espécie de encenação. O clima é de festa e celebração ao nascimento e renascimento do menino Jesus, que traz esperanças ao povo. Três reis magos fardados cantam e dançam, seguidos por batedores de caixa, um porta-bandeira e cantadores, todos homens.

“Folia é alegria. É festa, é Natal, é aniversário de Jesus. Se comemoramos o meu, o seu, por que não da pessoa mais especial que já existiu no mundo?”, indaga Seu Zé. Há vezes em que chegam nas casas e os anfitriões estão em luto e pedem para cantarem em homenagem ao parente falecido. Quando é assim, respeitam e diminuem o ritmo e apresentam as toadas sem dançar, como homenagem.


Foto: Magali Colonetti

Irmandade na Folia

Seu Zé Limão ainda não sabe quem irá substituí-lo na liderança da Folia, mas conhece muito bem quem o acompanha desde menino: Mestre Geraldo é seu irmão e grande parceiro. “Éramos em quatro irmãos. Um morreu com 21, outro com 60 e poucos. E desde pequenos eu e Geraldo estamos juntos, trabalhando na roça, pescando, na Folia. Nunca largamos um do outro”, relembra. Seu Zé Limão e Seu Geraldo lideram o grupo juntos: o primeiro na viola e o segundo no acordeom. Com olhares e notas se entendem na toada, seguindo um ao outro com os olhos e o coração, com uma naturalidade bonita de ver, de quem faz isso a vida toda. Os irmãos se completam.

“A Folia mais bonita é a nossa, ela é a original mesmo”, se orgulha Seu Geraldo. Aos 8 anos, ele já tocava viola e fundou a Folia dos Meninos em Lagoa Trindade. Ficou até os 14 anos, para depois passar ao grupo dos adultos. Seu Zé Limão já estava lá, é 10 anos mais velho do que o irmão. O talento está no sangue e se fixou nos dois, mostrando-se em todos os momentos da vida. Seu Geraldo relembra com nostalgia da época em que trabalhavam na lavoura e todos faziam festa durante a colheita. “A gente cantava bonito, debaixo da chuva, com o chapelão de palha na cabeça para proteger”, fala. “Agora, tem trator que faz o trabalho de 20 pessoas e não existe mais isso”. Preocupado também com o futuro da Folia de Reis, tem como grande orgulho o filho Henrique, que seguiu os passos artísticos do pai e forma a dupla Armando Lopes e Henrique. “Mas em época de folia ele cancela todos os shows e vem pra cá para nos acompanhar. Folia é família”.

Humildade e respeito

– Seu Zé, nunca fiz aula de canto.

– Eu também não, Priscila. Como é que chama isso?

– Autodidata.

Mestre e autodidata, nenhum título ou conquista faz com que Seu Zé perca a humildade. Ela está entre um causo e outro, nas histórias de santos que conta de hora em hora, mostrando sua fé forte, e em suas atitudes. “Olha, a gente não pode achar que sabe mais do que os outros. Eu sempre acho que os outros sabem mais do que eu. Assim, sempre estou aprendendo”, ensina. “Sou uma pessoa muito simples. Quem fica famoso começa a ficar meio estranho. A cada dia que passa eu quero aprender mais e vai ser assim até o fim. Vou aprender até a morrer”, brinca, com a alegria da folia que não deixa de lado.

Seu Zé Limão e Seu Geraldo mostram que é preciso viver com respeito à tradição, à família, a Deus, “Aquele que tudo criou e por ninguém foi criado”. Tudo isso com a alegria de quem agradece por viver cada dia, por conseguir compartilhar com os outros a Folia de Reis. A alegria também é de quem tem a experiência de aprender tanto com um mestre como ele. Por quem se deixa contagiar. No domingo, 13 de setembro, vai ser quase Natal em Jequitibá. E quem tiver a sorte de estar presente poderá vivenciar a magia das toadas da folia e a esperança trazida por elas.




domingo, 23 de agosto de 2015

Resultado do edital para seleção de artistas para o projeto Folclorata: Encontro de Culturas Populares de Jequitibá

O Instituto Jardim Cultural agradece imensamente a participação dos inscritos no edital de seleção de artistas e grupos para participação no projeto Folclorata: Encontro de Culturas Populares, que prevê a realização de vivências culturais com mestres e grupos tradicionais do município de Jequitibá e apresentações artísticas destes com os artistas selecionados, como parte integral do Programa Vozes de Mestres.

Recebemos inscrições de diversas regiões do Brasil, totalizando 34 inscritos, cujas propostas foram analisadas pela curadoria do projeto, com base nos seguintes critérios de seleção:

1.       Atendimento às condições de participação propostas no edital
2.       Justificativa
3.       Proposta de participação e interação cultural com a comunidade
4.       Histórico de envolvimento com a cultura popular
5.       Comprovação de atuação na área artística/cultural

Com base na análise das propostas e materiais enviados, a equipe de curadoria* realizou uma pré-seleção dos melhores pontuados. A escolha final se deu com base na adequação das propostas e do perfil dos inscritos às características dos grupos e comunidades tradicionais do município de Jequitibá que receberão as vivências culturais do projeto.

Os selecionados foram:
Déa Trancoso (MG)
Vozes Bugras (SP)
Mestra Ana Lúcia e Raízes do Coco (PE)
Arreda Boi - Boi de Mamão (SC)
Babilak Bah (MG)

Lista de espera**:
Grupo MiraIra (CE)
Coletivo Peabiru de Teatro (SC)
Nação Maracahyba (PB) 
Priscilla Magela (MG)
Inajá Tembuá (SP)

Composição dos encontros para as vivências culturais proposta pela curadoria do projeto Folclorata:

Mestra Ana Lúcia e Raízes do Coco (PE) com Mestre Sr. Raimundinho (Congado/ Povoado de Perobas)
Vozes Bugras (SP) com Mestre Joaquim Cândido (Encomendação das Almas/ Povoado de Raiz)
Arreda Boi - Boi de Mamão (SC) com Mestre Zé Limão (Folia de Reis/Povoado Lagoa Trindade)
Déa Trancoso (MG) com Cantadeiras do Souza (Cantigas de Roda/Povoado dos Souza)
Babilak Bah (MG) e Bianos (Congado/Povoado de Lagoa Trindade)

Os artistas e grupos selecionados serão contatados pela produção do projeto Folclorata para os devidos encaminhamentos e definições acerca de sua participação.

*Equipe de curadoria composta por 05 membros, sendo eles representantes do Instituto Jardim Cultural, Instituto Pé de Urucum e Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge.

**Caso haja alguma desistência ou impedimento na participação dos artistas selecionados, os nomes da lista de espera serão contatados pela produção do projeto. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Edital para seleção de artistas para o projeto Folclorata: Encontro das Culturas Populares de Jequitibá

O Instituto Jardim Cultural torna público o edital “Seleção de artistas para vivências culturais do projeto Folclorata: Encontro das Culturas Populares de Jequitibá/MG”, com a finalidade de definir os artistas/grupos que participarão de um período de vivências culturais junto a comunidades tradicionais do município de Jequitibá, como parte do Projeto “Folclorata: Encontro de Culturas Populares de Jequitibá”. 

O município de Jequitibá/MG, localizado a 118 Km de Belo Horizonte, na região central do estado de Minas Gerais, possui uma grande riqueza cultural imaterial, com inúmeros grupos de cultura popular que preservam manifestações culturais como a Folia de Reis, Congado, Reinado, Batuque de Viola, Pastorinhas, Fim de Capina, Folia de São Sebastião, entre outros. Em consequência da expressividade de suas manifestações culturais, o município foi em 1991 nomeado a 'Capital Mineira do Folclore'. O Festival do Folclore de Jequitibá acontece há 27 anos, reunindo grupos de cultura popular de Minas Gerais e outros estados em apresentações culturais e outras atividades.

O projeto “Folclorata: Encontro das Culturas Populares de Jequitibá” tem por objetivo geral promover a valorização da cultura popular do município de Jequitibá através de um encontro durante três dias nessa cidade, reunindo artistas, mestres, agentes e gestores culturais locais, gestores públicos, turistas e a comunidade local em uma grande troca de experiências e saberes culturais, apresentações artísticas, rodas de conversa com debates acerca das manifestações da cultura popular como patrimônio imaterial do município, oficinas culturais, exibição de vídeos, exposição de fotografia e artesanato, entre outras atividades.

O evento Folclorata: Encontro de Culturas Populares de Jequitibá acontecerá nos dias 11, 12 e 13 de setembro de 2015, na cidade de Jequitibá, junto ao tradicional Festival de Folclore de Jequitibá, promovido há 27 edições pela Prefeitura Municipal de Jequitibá/MG.
Como parte da preparação do encontro, serão realizadas “Vivências Culturais” entre artistas/grupos selecionados pelo presente edital e os mestres de cultura popular de comunidades tradicionais do município de Jequitibá. As "vivências culturais" consistem em um período de troca de saberes, experiências e fazeres artísticos e culturais entre os mestres e os artistas selecionados. Os "resultados” artísticos e culturais dessas vivências, construídos conjuntamente entre os artistas e as comunidades, serão apresentados durante os três dias de encontro. Este edital visa assim proporcionar aos artistas selecionados, às comunidades e aos mestres tradicionais uma experiência de intercâmbio cultural e artístico, voltados à valorização e à difusão da arte e da cultura popular do município de Jequitibá, considerada a capital mineira do Folclore.

CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO
São as seguintes condições para participação do presente edital de seleção:
- ser artista (individual ou grupo de até 4 integrantes), com atuação comprovada em algumas das seguintes áreas: Música, Teatro, Contação de Histórias, Literatura, Performance e áreas afins;
- Ter idade igual ou superior a 18 (dezoito) anos;
- Ter interesse pela cultura popular brasileira e envolvimento pessoal e/ou artístico pela temática;
As inscrições de grupos deverão ser realizadas por um representante, membro do grupo, que deverá informar os nomes dos demais integrantes no formulário.

INSCRIÇÕES
Os artistas deverão preencher o formulário (Anexo I), onde deverão constar seus dados pessoais, currículo e justificativa de interesse em participar do projeto. O formulário deverá ser preenchido conforme orientações abaixo. Deverá ser enviado ao email folcloratajequitiba@gmail.com um arquivo em formato pdf com limite de 5MB contendo comprovantes de atuação na área artística, conforme descrito no presente edital. As inscrições deverão ser realizadas até às 23h59min do dia 18 de agosto de 2015.
Salienta-se que o ato de inscrição implica na automática e plena concordância com os termos do presente edital.

SELEÇÃO
Serão selecionados 5 (cinco) artistas (individuais ou grupos de, no máximo 4 integrantes), dentre as áreas especificadas nesse edital, que tenham interesse em participar das vivências junto aos mestres das comunidades tradicionais de Jequitibá.
A equipe de curadoria do projeto selecionará os artistas de acordo com a análise de currículo, perfil, comprovantes de atuação artística e justificativa de interesse na participação.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
A equipe de curadoria do projeto para o presente edital será composta por 5 (cinco) membros, entre artistas, gestores e produtores atuantes no setor cultural e parceiros do Instituto Jardim Cultural, que definirão os artistas a serem selecionados para a participação nas vivências, com base nos seguintes critérios:
- Atuação comprovada por meio de materiais gráficos, matérias de jornais, revistas, sites, blogs, declarações, e outros;
- Envolvimento pessoal e artístico com a temática da cultura popular e a diversidade cultural brasileira;
- Justificativa de interesse na participação no projeto.

EXECUÇÃO DO PROJETO
As Vivências Culturais serão realizadas no período de 08 a 11 de setembro de 2015. Durante esse período os artistas permanecerão na comunidade, participando das atividades da mesma, interagindo com os mestres, trocando experiências, saberes e fazeres artísticos. Ao final das vivências, mestres e grupos das comunidades se apresentarão junto aos artistas no encontro de culturas populares “Folclorata” e 27º Festival de Folclore de Jequitibá. Como contrapartida, o artista/grupo deverá oferecer aos membros da comunidade onde ficará hospedado, uma atividade de formação artística (por exemplo: oficina de música). O evento “Folclorata: Encontro das Culturas Populares de Jequitibá” será realizado nos dias 11, 12 e 13 de setembro de 2015, junto ao 27º Festival de Folclore de Jequitibá. A estrutura do evento será montada na região central da cidade, em torno da Lagoa Pedro Saturnino. Cada artista participante se apresentará junto aos mestres e grupos da comunidade onde permaneceu durante as vivências culturais.
Os grupos/mestres que receberão as vivências culturais são:
Mestre Zé Limão (Folia de Reis e Fim de Capina/Povoado Lagoa Trindade), Guarda de Nossa Senhora do Rosário de Dr. Campolina (Congado/Família dos Bianos/Povoado Lagoa Trindade), Grupo Cantadeiras do Souza (Cantigas de Roda e Pastorinhas/Povoado dos Souza/Mestre Marly), Mestre Joaquim Cândido (Encomendação das Almas/Povoado de Raiz/Perobas) e Mestre Sr. Raimundinho (Congado de Nossa Senhora do Rosário//Povoado de Perobas). Em anexo a este edital, há uma breve descrição de cada grupo/comunidade.

RECURSOS OFERECIDOS
O Instituto Jardim Cultural oferecerá aos artistas selecionados:
- Transporte do município de Belo Horizonte/MG ao município de Jequitibá/MG;
- Transporte da cidade de Jequitibá às comunidades onde serão realizadas as vivências;
- Alimentação e hospedagem solidária junto às comunidades que receberão os artistas. O Instituto fornecerá às residências que hospedarão os artistas uma ajuda de custo referente a estas despesas;
- Apoio financeiro no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por artista/grupo selecionado pela apresentação artística no Festival;
- Aos grupos/mestres que receberão os artistas, também será oferecido um apoio financeiro no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).
- As despesas com deslocamento de artistas de outras localidades até Belo Horizonte não serão custeadas por este projeto, ficando sob responsabilidade do próprio artista.

OBRIGAÇÕES DOS SELECIONADOS
Ficam definidas como obrigações dos artistas selecionados pelo presente edital:
- Cumprir com a proposição de realização das vivências culturais na comunidade escolhida durante o período estipulado;
- Agir com respeito aos valores e às tradições locais, aos mestres e as regras de convivências estabelecidas pela coordenação do projeto e pelos membros da comunidade;
- Realizar uma apresentação artística durante o evento “Folclorata”, entre os dias 11 e 13 de setembro de 2015, no município de Jequitibá;
- Realizar, durante o evento, uma roda de conversa aberta ao público, com a temática das vivências culturais, os resultados e experiências adquiridas durante este período. Também participará da roda de conversa, o mestre ou outro membro do grupo/comunidade onde o artista realizou as vivências.
Será assinado um termo de responsabilidade entre cada artista, a instituição proponente e uma liderança da comunidade em questão, visando ao acordo entre as partes envolvidas das condições de participação e convivência, das obrigações das partes. As vivências serão acompanhadas por um produtor local, representando o Instituto Jardim Cultural, que dará o suporte necessário aos artistas e membros da comunidade durante esse período. A participação dos artistas neste projeto deverá ter por base os princípios éticos do respeito mútuo, baseados na não violência, seja esta física, moral ou psicológica, no respeito à diversidade cultural, religiosa e étnica, não sendo toleradas pela coordenação do projeto quaisquer atitudes que venham a ferir tais princípios, as tradições e identidade local ou a legislação brasileira.  

RESULTADOS
Os resultados deste edital de seleção serão amplamente divulgados por meio do site oficial do projeto, páginas nas redes sociais e por email encaminhado aos artistas inscritos. O resultado será divulgado no dia 25 (vinte e cinco) de agosto de 2015 e as vivências culturais nas comunidades terão início no dia 08 de setembro de 2015. A coordenação do projeto entrará em contato com os selecionados e tomará as devidas providências para viabilizar a participação dos artistas. Caso haja alguma desistência, haverá uma lista de espera, em que o próximo da lista será chamado.

DISPOSIÇÕES FINAIS
O encontro de culturas populares de Jequitibá “Folclorata” é uma iniciativa do Instituto Jardim Cultural no âmbito do Programa “Vozes de Mestres”, que visa à valorização dos mestres da cultura popular por meio de encontros e trocas de saberes e experiências artísticas e culturais. O Instituto Jardim Cultural se responsabiliza pela elaboração deste edital e pelo processo de seleção dos artistas para participação no projeto. Dúvidas devem ser encaminhadas aos emails folcloratajequitiba@gmail.com e  anabeatriznp@gmail.com

Belo Horizonte, 10 de agosto de 2015

Demerval Dias Russo
Presidente do Instituto Jardim Cultural


ANEXO I
Formulário de inscrição
Atenção! O formulário descrito abaixo deve ser preenchido através do link http://goo.gl/forms/j6c8huHlHI 

1 - DADOS PESSOAIS E INFORMAÇÕES DE CONTATO:
Nome:
Nome social/artístico:
Data de nascimento:
RG:
CPF:
Endereço:
Email:
Telefone(s):
Perfil Facebook (se houver):
Website (se houver):

2 - DADOS ARTÍSTICOS:
Nome do grupo artístico (se for o caso)
Nomes dos integrantes do grupo (se for o caso)

Área de atuação artística:
(exemplo: Música, Teatro, Performance, etc.)

Local(is) onde atua:

Links sobre o trabalho artístico:
(youtube, facebook, instagram, soundcloud e outros)

3 - PROPOSTA DE PARTICIPAÇÃO:
Comunidade de interesse:
(dentre as comunidades citadas neste edital, indicar se há o interesse do artista em realizar as vivências em uma comunidade/grupo específico. Ver anexo II com descrição de cada comunidade)
(  ) Mestre Zé Limão/Povoado Lagoa Trindade
(  ) Cantadeiras do Souza/Povoado dos Souza
(  ) Guarda de N. S. do Rosário de Dr. Campolina (Congado/Bianos)/Povoado Lagoa Trindade
(  ) Mestre Joaquim Cândido/Povoado de Raiz/Perobas
(  ) Mestre Seu Raimundinho/Povoado de Perobas

Justificativa (máximo 15 linhas):
(explicar aqui sua motivação e interesse em participar das vivências culturais)

Proposta (máximo 15 linhas):
(breve proposta de interação artística do artista com as comunidades tradicionais de Jequitibá)

Currículo Resumido (máximo 10 linhas):


Links:

Observações: enviar como complemento deste formulário um arquivo contendo comprovantes de atuação na área artística ao email folcloratajequitiba@gmail.com



Anexo II
Descrição das comunidades a serem envolvidas nesta edição do projeto
Fonte: Website oficial da Prefeitura Municipal de Jequitibá



POVOADO DE LAGOA TRINDADE (DR. CAMPOLINA)


Mestre Zé Limão:

A Folia de Santos Reis de Doutor Campolina existe desde 1948 na antiga Lagoa da Trindade, no município de Jequitibá em Minas Gerais. Seu Zé Limão e sua folia estão a serviço do ritmo e do batuque com uma batida diferente, mais cadenciada. Assim, a folia pede as reverências ao nascimento e renascimento do menino que traz todos os dias esperanças renovadas ao povo e aos foliões. A apresentação traz, em uma espécie de encenação, os três Reis Magos fardados que dançam e cantam, os batedores de caixa, o porta-bandeira e os cantadores – vozes masculinas em um arranjo que atinge acordes e colocações sofisticadíssimas de forma espontânea, aprendida com os mais velhos. A folia do seu Zé Limão hoje está dividida entre senhores e jovens herdeiros das tradições.


Guarda de Nossa Senhora do Rosário de Dr. Campolina (Família dos Bianos)

A Família dos Bianos localiza-se no Povoado Dr. Campolina, antiga Lagoa Trindade. A família é formada por descendentes de negros escravizados e ocupa terras remanescentes de Quilombo, preservando diversas tradições ancestrais, como a Guarda de Nossa Senhora do Rosário, um importante grupo tradicional do município de Jequitibá.




POVOADO DOS SOUZA


Grupo Cantadeiras do Souza:
Apurando o timbre e a afinação de suas vozes desde pequenas, as seis irmãs e primas da família Souza trazem um nível impressionante de elaboração na harmonização de cantos tradicionais, onde, sem nenhuma formação teórica, desenvolveram a partir de suas tessituras uma sistematização de funções das vozes que aplicam tão sofisticada quanto naturalmente tanto nas peças de catolicismo popular quanto nas cantigas de roda, pastoris e outros gêneros cultivados pela família. (Fonte: A Barca)
O grupo das Cantadeiras do Souza é formado por Marly Maria de Sousa, Raimunda Gonçalves Carvalho, Dejanira Gonçalves Campelo, Marlene Gonçalves de Sousa, Ercy Vicente de Paula e, até 2007, pelo mestre Juvercino, falecido nesse ano com 97 anos1 . A partir de 2001 as Cantadeiras do Souza começaram a atuar fora de Jequitibá, levando a vários estados do Brasil as suas Incelenças de Chuva, as Encomendações das Almas e os cantos para o Bendito da Santa Cruz.
Em parceria com o grupo “A Barca”, as Cantadeiras do Souza gravaram em 2007 o disco “Bendito”, parte da coleção “Turista Aprendiz”, um precioso documento de registo das tradições ancestrais brasileiras.



POVOADO DE PEROBAS

O Povoado de Perobas foi Fundado no ano de 1850 pelas famílias Gomes Ferreira e Pereira Goulart, sendo eles os primeiros moradores. O Povoado recebeu esse nome devido a uma mata fechada existente e uma grande quantidade de madeira chamada Perobas. O surgimento desse lugarejo se deu pela chegada das famílias citadas acima, a partir do momento em que resolveram ali trabalhar, desde então foram chegando outras famílias. Hoje seus moradores tem como fonte de renda principal a agricultura e, dentre as plantações de vários produtos os que mais se destacam são: tomate, quiabo e feijão.
Com o aumento da população e suas crenças os moradores começaram a promover festas na localidade, dentre elas a Festa do Divino e Festa de Nossa Senhora do Rosário. Atualmente os grupos folclóricos existentes são: Grupo do Fim de Capina, Folia de Reis, Folia do Rosário, Folia do Divino e Folia de São Sebastião. Já existiu o grupo de Batuque e o grupo de Cantiga de Roda.

CONGADO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO/ PEROBAS
Mestre Raimundinho:
Uma das pessoas que melhor caracteriza o folclore do Povoado de Perobas é o Sr. Raimundo Gomes, mais conhecido como Sr. Raimundinho Caetano. Tradições como o Congado de Nossa Senhora do Rosário e a Folia do Divino Espírito Santo vem sendo passadas de pai para filho desde o bisavô do Senhor Raimundinho que tem mais de 90 anos. Este grupo possui uma grande diversidade em suas apresentações, apresentam Folia de Nossa Senhora do Rosário, de São Sebastião, de Santos Reis, Encomendação das Almas e Final de Capina.

ENCOMENDAÇÃO DAS ALMAS
Mestre Joaquim Cândido
O mestre Joaquim Cândido, também responsável pelas folias, atua no Povoado de Raiz, a poucos quilômetros de Povoado de Perobas. Uma das manifestações tradicionais mantidas pelo Mestre Joaquim Cândido é a Encomendação das Almas, muito tradicional na região de Jequitibá.